terça-feira, 24 de agosto de 2010

Fonoaudiologia e Escola

Por Fga. Léa Travi Lamonato CRFa. 9087

Atenção ao desenvolvimento da audição e da linguagem do seu filho!!

O bebê, quando precisa que suas necessidades básicas sejam atendidas, chora instintivamente, e esse choro é então interpretado pela mãe, que lhe atribui uma função comunicativa. Eis o início da comunicação humana.

A aprendizagem do bebê inicia-se logo após o nascimento, quando começa a explorar os ambientes por meio dos sentidos.

Para a aprendizagem da linguagem, ouvir sons e vozes é de suma importância, para isso, é também necessário que a audição esteja se desenvolvendo normalmente.

O bebê aprenderá a conversar através do murmúrio, do balbucio (repetição de sílabas sem significado) e da imitação das vozes que ouve. É fundamental que os adultos conversem com as crianças e estejam atentos a ouvi-las, mesmo que não compreendam ou acreditem que elas não possam compreendê-los.

Durante o período de 7 a 9 meses, o bebê começa a adaptar as vocalizações aos sons da língua que se fala no ambiente do lar. Descobre que sons diferentes significam coisas diferentes.

Por volta dos 10 e 14 meses de idade surge a primeira palavra do bebê. Aos 18 meses sua fala expressiva possui cerca de dez a vinte palavras.

Aos 2 anos e meio de idade, o vocabulário aumenta muito e a criança é capaz de se expressar por frases simples. Com 3 anos a criança entende a maior parte daquilo que ouve dos adultos. Faz uso de novas palavras e sabe fazer uso da linguagem para conseguir o que deseja, conversando por meio de frases completas que podem ser entendidas em até 80% pelo ouvinte.

Aos 4 anos e meio e/ou 5 anos, já é capaz de pronunciar adequadamente os fonemas de sua língua, sua linguagem está completa, devendo apenas ser aprimorada.

Toda criança aprende pelas suas vivências, e é ouvindo a conversa dos adultos que poderá, aos poucos, entender os mecanismos da linguagem, e assim se desenvolver.

A criança fala conforme o seu meio ambiente. Aquela que convive em ambientes onde está mais exposta a fala, terá seu vocabulário mais rico e seu desenvolvimento será mais rápido. Neste sentido, o papel da família e da escola, é fundamental.

Para que a criança possa se desenvolver adequadamente, ultrapassando cada fase da aquisição normal da fala, é importante que os adultos que a rodeiam sigam algumas orientações:

• Não imite o falar `errado` da criança, não peça para repetir a palavra por achá-la `bonita` ou `engraçada`, pois o adulto é o modelo que ela seguirá para se corrigir, e a repetição fixará o padrão incorreto.

• Quando a criança cometer um erro, dê a ela o padrão correto sem repetir o erro (exemplo: se a criança diz `áua` para água, diga `Você quer água?`, enfatizando o correto), porém não a corrija excessivamente.

• Não exija da criança uma produção além da esperada para sua idade, respeite a ordem da aquisição fonêmica.

• Observe se a fala da criança é inteligível e encontra-se dentro do padrão esperado para sua idade.

• Propicie o desenvolvimento da fala, deixando que a criança expresse oralmente o que deseja, não atendendo imediatamente após uma solicitação gestual.

• Não use palavras no diminutivo, pois, por serem semelhantes (terminam com `inho`), dificultam sua memorização.

• Todas as atividades que envolvem a expressão da criança são importantes para o desenvolvimento da fala e linguagem. Assim, devem ser proporcionados momentos em que a criança fale, cante e conte histórias, além de outros nos quais o adulto lhe dê o modelo adequado contando-lhe histórias e conversando com elas.



Aquisição dos fonemas ...

De acordo com a idade, é esperado que a criança seja capaz de emitir certos fonemas. Veja abaixo:



IDADE (aproximadamente) FONEMAS

18 meses b, m

2 anos p, t, d, n

2 anos e meio k, g, nh

3 anos f, v, s, z

3 anos e meio x (ch), j (ge-gi)

4 anos l, lh, r, rr, encontros consonantais com r e l

5 anos A aquisição está completa.



Para maiores informações entre em contato com um Fonoaudiólogo

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

QUEM MANDA EM CASA

“Costumo falar que dizer “sim” é muito fácil, mas dizer “não” dá trabalho, cansa, estressa. Porém, a maior prova de amor que os pais podem dar a seus filhos é se dar ao trabalho de dizer o “não” e de mantê-lo, ainda que estejam exaustos. A birra, a oposição, a insistência e a obstinação podem ser vistas como positivas, pois mostram que a criança está lutando pelo que deseja, mas qualquer criança tem que perder no confronto com seus pais”.

(Ceres Araújo)



Por vezes é possível que pensemos: é possível uma criança pequena, ingênua e fofinha se tornar um tirano? É simples: não ensine o respeito ao próximo, realize todos os seus desejos, faça tudo no lugar dela e por ela, diga sempre sim, deixe que ela pense que o mundo gira ao seu redor, a sua palavra (dos pais) é a última que conta, entre outras coisas mais...

Num modelo familiar onde os pais giram em volta dos filhos, como reflexo é bem provável que as crianças mandem nos pais. Aqui não me refiro a um modelo de pais carinhosos, dedicados ou amáveis, mas pais que tem dificuldade em diferenciar amor de educação.

Sabe-se que a maioria dos pais que não conseguem estabelecer limites saudáveis para seus filhos, são filhos de uma educação marcada pelo autoritarismo. Muitos acreditam que se consentirem tudo aos filhos, estarão estabelecendo uma relação afetuosa. Contudo esquecem-se de uma coisa, que a incapacidade para dizer não, a permissividade ou os sentimentos de culpa, aliados a não demarcação de limites, são igualmente ou mais prejudiciais do que o autoritarismo, pois uma criança que vive sem limites não gosta de se sentir frustrada, é incapaz de adiar a satisfação, não tolera a espera, e não entende porque as coisas não funcionam como anseiam. Há grande possibilidade que estas crianças tenham consequências pertinentes para a sua socialização. Isso porque outras crianças e adultos com quem conviverá quando estiverem na escola, não estarão a altura das suas expectativas ou dos padrões a que está acostumada. Por exemplo: Em casa, o pai é capaz de não assistir ao seu jornal predileto, porque o filho quer que ele brinque de futebol pela 100ª vez.

A dificuldade em estabelecer limites e dizer não, por vezes está relacionada ao sentimento de culpa. Pais que passam pouco tempo com seus filhos sentem dificuldade em dizer não às suas vontades. Assim, os anseios das crianças transformam-se com facilidade em leis a que os adultos se submetem praticamente sem contrapor.

Então o que devemos fazer é dizer sempre não aos nossos filhos para que eles não se tornem mandões? – É claro que não! O bom senso, com muito amor, dedicação, paciência e uma pitada de disciplina é a melhor possibilidade para o sucesso.

Quando se opta por ter filhos, ou mesmo não sendo uma opção isso acontece, é dever dos pais educar. É obrigação dos pais estabelecerem limites saudáveis e instruir seus filhos em um caminho de integridade e humanidade. E a melhor maneira de conseguir isso é ser um modelo a seguir.

Sabemos que não é tarefa fácil, por isso quando família e escola formam uma parceria, onde os pais possam dialogar com os profissionais e juntos pensarem estratégias a serem tomadas em cada caso, a possibilidade de formarmos crianças felizes ficará bem mais possível.



Rejane Comin (Psicóloga – CRP 07.17646)