quarta-feira, 11 de agosto de 2010

QUEM MANDA EM CASA

“Costumo falar que dizer “sim” é muito fácil, mas dizer “não” dá trabalho, cansa, estressa. Porém, a maior prova de amor que os pais podem dar a seus filhos é se dar ao trabalho de dizer o “não” e de mantê-lo, ainda que estejam exaustos. A birra, a oposição, a insistência e a obstinação podem ser vistas como positivas, pois mostram que a criança está lutando pelo que deseja, mas qualquer criança tem que perder no confronto com seus pais”.

(Ceres Araújo)



Por vezes é possível que pensemos: é possível uma criança pequena, ingênua e fofinha se tornar um tirano? É simples: não ensine o respeito ao próximo, realize todos os seus desejos, faça tudo no lugar dela e por ela, diga sempre sim, deixe que ela pense que o mundo gira ao seu redor, a sua palavra (dos pais) é a última que conta, entre outras coisas mais...

Num modelo familiar onde os pais giram em volta dos filhos, como reflexo é bem provável que as crianças mandem nos pais. Aqui não me refiro a um modelo de pais carinhosos, dedicados ou amáveis, mas pais que tem dificuldade em diferenciar amor de educação.

Sabe-se que a maioria dos pais que não conseguem estabelecer limites saudáveis para seus filhos, são filhos de uma educação marcada pelo autoritarismo. Muitos acreditam que se consentirem tudo aos filhos, estarão estabelecendo uma relação afetuosa. Contudo esquecem-se de uma coisa, que a incapacidade para dizer não, a permissividade ou os sentimentos de culpa, aliados a não demarcação de limites, são igualmente ou mais prejudiciais do que o autoritarismo, pois uma criança que vive sem limites não gosta de se sentir frustrada, é incapaz de adiar a satisfação, não tolera a espera, e não entende porque as coisas não funcionam como anseiam. Há grande possibilidade que estas crianças tenham consequências pertinentes para a sua socialização. Isso porque outras crianças e adultos com quem conviverá quando estiverem na escola, não estarão a altura das suas expectativas ou dos padrões a que está acostumada. Por exemplo: Em casa, o pai é capaz de não assistir ao seu jornal predileto, porque o filho quer que ele brinque de futebol pela 100ª vez.

A dificuldade em estabelecer limites e dizer não, por vezes está relacionada ao sentimento de culpa. Pais que passam pouco tempo com seus filhos sentem dificuldade em dizer não às suas vontades. Assim, os anseios das crianças transformam-se com facilidade em leis a que os adultos se submetem praticamente sem contrapor.

Então o que devemos fazer é dizer sempre não aos nossos filhos para que eles não se tornem mandões? – É claro que não! O bom senso, com muito amor, dedicação, paciência e uma pitada de disciplina é a melhor possibilidade para o sucesso.

Quando se opta por ter filhos, ou mesmo não sendo uma opção isso acontece, é dever dos pais educar. É obrigação dos pais estabelecerem limites saudáveis e instruir seus filhos em um caminho de integridade e humanidade. E a melhor maneira de conseguir isso é ser um modelo a seguir.

Sabemos que não é tarefa fácil, por isso quando família e escola formam uma parceria, onde os pais possam dialogar com os profissionais e juntos pensarem estratégias a serem tomadas em cada caso, a possibilidade de formarmos crianças felizes ficará bem mais possível.



Rejane Comin (Psicóloga – CRP 07.17646)

Um comentário:

viviolivo disse...

Pois é, educar realmente é muito mais complicado do que parece.... enquanto pais estamos sendo analisados e testados a todo momento....e esses pequeninos sabem do poder que têm!
E é isso mesmo, amar nossos filhos é saber dizer não também, é repreender quando preciso e mais, ensinar, ensinar e ensinar....o exemplo é tudo!